No artigo anterior, iniciamos uma lista relacionando os pecados capitais da Luxúria, Preguiça e Gula com a gestão do O.E.E. Se você não leu ainda, então clique aqui.
A Inveja, a Soberba, a Ira e a Avareza são os próximos em nossa lista:
4 – A INVEJA E OS 85% DE O.E.E
“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define,
não se define o que não se entende, não há sucesso no que não se gerencia”
William Edwards DEMING
Cobiçar aquilo que é do outro é sinônimo de inveja.
Não somente o desejo de ter o que os outros têm, mas também ser o que os outros são, se enquadram como exemplos de inveja.
Muitos invejosos inclusive não querem pagar o preço para ter (ou ser) aquilo que invejam. E o pior: nem mesmo buscam ser o melhor que podem ser.
No caso da gestão do O.E.E, “invejar” os 85% de O.E.E sem nem ao menos entender, medir ou gerenciar para atingir 90% de disponibilidade, 95% de performance e 99% de qualidade é um pecado condenável.
Dito de outra forma, não é “qualquer” 85% de O.E.E que tornará a sua empresa um padrão de excelência mundial. Para isso, é necessário reduzir os índices de paradas corretivas para menos de 10%, a performance não poderá variar com quedas de ritmo maiores que 5% e o refugo terá que ser menor de 1%.
Desta forma, ainda que a meta de atingir 85% de O.E.E seja uma inveja “positiva”, ou seja, uma admiração na qual a vontade de ser igual ao benchmarking mundial nos motiva a sair da inércia e iniciar as medições e controle, será necessário também, tomar cuidado com a Soberba do Controle dos Indicadores de O.E.E.
5 – A SOBERBA DO CONTROLE DOS INDICADORES DE OEE
“O que você sabe não tem valor algum.
O valor está no que você faz com o que sabe.”
Bruce Lee
Soberba é arrogância ou vaidade. E a vaidade não é apenas negativa pelo seu narcisismo que não enxerga os próprios defeitos, ela busca maquiar-se para dar ênfase nos seus pontos positivos.
Mas se de um lado a Soberba nos remete a imagem de alguém “cheio de si”, a vaidade por sua vez também é sinônimo de vacuidade, ou seja, qualidade do que é vácuo, vazio, vão. E toda essa altivez se firma numa aparência ilusória. Toda essa ilusão de estar cheio na verdade é o mais profundo vazio.
Muitas vezes, o controle de indicadores vira fiscalização e passa a ser tão arrogante que os outros sentidos possíveis de controlar, tais como: administrar, superintender ou, até mesmo “deter o progresso de algo negativo” que também são formas de controle, acabam ficando distantes, maquiados ou vazios.
Enfim, ao afirmar que isto se aplica a todo tipo de controle de indicadores, no caso, da Gestão do O.E.E não é diferente. Esta “fiscalização” é capaz inclusive de despertar outro pecado de nossa lista: a ira!
6 – A IRA DA GESTÃO DE O.E.E “CUMPRE-METAS”
“Nunca confunda movimento com ação.”
Ernest Hemingway
A ira é o pecado da raiva e se relaciona com o rancor, o ódio e até mesmo com o desejo de vingança.
Na gestão cumpre-metas, por exemplo, onde só o resultado interessa, existe o fenômeno interessante da eterna cobrança que gera ciclo de tensões que evoluem da ira, para a raiva, vira rancor, depois ódio e gerando, até, o desejo de vingança.
Alcançar a meta é uma a premissa de qualquer gestão, mas não adianta determinar metas e já sair cobrando o resultado, antes é necessário planejamento, boa gestão de processos e de pessoas garantindo ações que geram resultados.
Vale lembrar que os números seduzem de tal forma que qualquer um é capaz de comemorar quando o resultado é positivo e vaiar quando o resultado negativo aparece.
Mas dizer que isso é gerenciar é o mesmo que dizer que torcer é gerenciar. Qualquer torcedor sabe que (infelizmente) torcer não garante o controle do resultado final do jogo!
As metas corporativas, no entanto, estão vinculadas sempre ao fator lucro, desta forma, podemos relacionar a gestão cumpre-metas não apenas com o OEE, mas, principalmente, com os indicadores monetários. E é nessa hora que é importante lembrar que buscar APENAS retorno financeiro é a principal característica da Avareza.
7 – AVAREZA POR AUMENTAR OS RESULTADOS FINANCEIROS.
“Sob uma aparência pragmática, a gestão constitui uma ideologia que legitima
a guerra econômica e a obsessão pelo rendimento financeiro.”
Vicent de Gaulec.
A avareza é a característica daqueles que enxergam no lucro o principal indicador de sucesso, produtividade e ganho. Todo avarento é um sovina, mesquinho e pão-duro que, infelizmente, confunde “redução dos custos internos” com “fechar a mão”.
Produzir a qualquer custo é diferente de produzir no menor custo, pois a redução de custos visa agregar valor ao cliente e ao negócio.
Capacitar e desenvolver as competências da equipe ou investir em automação e inovações tecnológicas disruptivas, capazes de inovar e redesenhar os processos produtivos, não só reduz os desperdícios como também tem retorno garantido.
Mas, o avarento não sabe que ao eliminar investimentos no aperfeiçoamento continuo de pessoas e produtividade ele, na verdade, reduz seus lucros. Se ele soubesse, não cairia na tentação de “fechar a mão”.
Terminada a lista, reflita: Será que você está cometendo algum destes “pecados” na sua operação industrial? E, se sim, deixe seu comentário dizendo o que pretende fazer para evita-lo!